“Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos
teus estatutos, e guardá-lo-ei até o fim. Dá-me entendimento, e guardarei a tua
lei, e observá- la-ei de todo o meu coração. Faze-me andar na vereda dos teus
mandamentos, porque nela tenho prazer. Inclina o meu coração aos teus
testemunhos, e não à cobiça. Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e
vivifica-me no teu caminho. Confirma a tua palavra ao teu servo, que é dedicado
ao teu temor. Desvia de mim o opróbrio que temo, pois os teus juízos são bons.
Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça.” (Salmos
119:33-40).
Que
oração íntima essa do salmista. Fala de um desejo a cerca de uma dependência.
Que sensação maravilhosa era aquela de no meio da noite quando nos chegavam os
maus pensamentos, saber que se esvaiam pelo simples fato de segurar em uma das
mãos de um pai sonolento ou repousar debaixo do mesmo cobertor, sentindo o
calor do grande corpo protetor. Talvez nos venha a lembrança daquele segurar de
mão quando crianças ao atravessar uma rua sem nem sequer saber quantos perigos
nos rodeavam, certos de que o melhor momento de iniciar a travessia seria
quando fossemos puxados, sem considerar mais nada.
Na fé cristã quanto mais
amadurecemos, mais entendemos que precisamos depender.
Agora,
até onde devemos nos apoiar nesta dependência cega?
Parece
que estou sendo um tanto contraditório, porém perceba que na grande parte do
nosso dia nossas decisões são tomadas sem qualquer tipo de consulta a um amigo,
um familiar, um conselheiro e quem dirá a Deus. Não estou querendo dizer que
isto é bom ou ruim, certo ou errado, pelo menos ainda, estou apenas levantando
algumas questões.
Somos
acostumados a crer piamente em algo que alguém nos disse apenas por um
sentimento de empatia com o emissor da informação ou por pura preguiça de ir
atrás da verdade. No texto bíblico citado acima podemos perceber a oração de
homem a Deus e tendenciosamente imaginamos que este diálogo parte do presente
para o futuro, mas se observarmos os versículos do 26 ao 29, constatamos algo
diferente:
“Quando contei minha história, tu respondeste e me treinaste bem na tua
sabedoria. Ajudaste-me a entender o interior e o exterior, para que eu pudesse
ponderar sobre teus milagres. Minha vida está em decadência, como um celeiro
desmoronando: restaura-me por meio da tua Palavra.” O salmista sabia
que precisaria depender de Deus para suportar, encarar ou cumprir as decisões
que já havia tomado.
Depender de Deus não é se
ausentar das culpas por medo das consequências, mas saber reconhecê-las e crer
que ainda que doa, algum proveito pedagógico insurgirá e com ele a terra firme.
Não vamos usar nossa necessidade de
dependência para fazer de Deus o pai do pecado. Nós somos responsáveis pelo que
fazemos, moralmente responsáveis. Não vamos colocar na conta de Deus o desejo
que é apenas nosso de ver coisas “acendendo” por aí, pessoas falando algo de
nós para nós mesmos ou até mesmo contrariando a verdade da Palavra sob a
pretensão de achá-la obsoleta para os dias de hoje.
Depender não é receber determinação.
Toda
relação religiosa que não nos ensine a atravessar a rua é nociva. Esse desejo
de ficar sob o cuidado de um guia protetor encontra guarida apenas no seio dos
grupos dominadores que se auto estabelecem “braço” para guiar aqueles que se
contentam em receber suas determinações. Fuja dos pseudobraços protetores da
religião e confie na direção certa do Príncipe da Paz.
Ele
não vai pegar nossa mão e nos arrastar pelo caminho que sabe ser o melhor. Ele
vem ao nosso encontro e nos conquista para seguirmos pelo Seu Caminho, a
jornada é nossa, a responsabilidade é nossa e temos que seguir para diariamente
nos parecermos um pouco mais com o mestre amado através do Espírito.
Pense
bem, nosso ano não será o da vitória porque está na placa da igreja ou porque
alguém disse que será, nem tampouco o da plenitude de Deus ou do que quer que
seja. Nossa maior vitória se deu na cruz e nossa plenitude de Deus é Jesus, o
Cristo e este crucificado, todo o restante será fruto de dependência e decisão
e não de profecia ou pensamento positivo.
Não
precisamos clamar por direção toda vez que formos ao McDonalds, vamos escolher
nosso lanche em paz, depender do Cristo na vida, sobretudo para atravessar
pelas trilhas rochosas das decisões erradas ou desfrutar das bênçãos de uma
intimidade com o Pai que nos levam pelos asfaltos de estradas recém
construídas.
Raphael
Douglas Almeida
Florianópolis/SC
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário nos deixa muito feliz! E não esqueça, Tenha Fémenina : )