Sou a Juliana, casada com Olavo há 10
anos. E ao contrário de muitos casais, não gostamos um do outro no primeiro
momento. Foi uma certa “antipatia à primeira vista”.
Na época, em setembro de 2002, eu era
aluna da Faculdade Pioneira em Ijuí e ele do Seminário Batista do RS em POA. Éramos
Conselheiros de Embaixadores do Rei. Nos vimos pela primeira vez em uma reunião
de projeção do Acampamento Estadual em Cachoeira do Sul.
Ao chegar na reunião, sendo a única
mulher, ele achou que eu estivesse acompanhando o meu esposo, porque, segundo o
que imperava, a Organização era coisa para Meninos. E para ajudar, dois
Embaixadores, achando a situação inusitada, não saiam da minha volta querendo
saber tudo sobre uma mulher ocupar o cargo de Conselheira. E ele achou que os
dois fossem meus filhos. Assim, por questão de respeito, cumprimentou a todos,
menos a mim. Achei um verdadeiro desrespeito, afinal, o que nos diferenciava
era apenas o gênero. Pensei que talvez estivesse menosprezando o fato de
ocuparmos o mesmo posto.
Pré-julgamentos a parte, com o início
da reunião e a apresentação dos Conselheiros, ele descobriu que eu era
solteira, não tinha filhos, e, como atleta de futsal na época, estava
preparando a organização para as atividades esportivas do acampamento que
estávamos organizando.
Alguns suspiros depois, tomou coragem
e veio conversar comigo. Trocamos meia dúzia de palavras, tiramos foto oficial
com todos os Conselheiros e voltamos cada um para sua cidade.
Em novembro daquele ano, no
Acampamento Estadual dos Embaixadores do Rei, mesmo em meio a tantas
atividades, ele veio logo querendo saber tudo sobre mim. Passei por uma
sabatina.
Me senti assustada, estava sentindo
algo tão forte e repentino por alguém que estava vendo pela segunda vez. Então
orei a Deus e disse que manteria meu propósito de namorar apenas aquele que
fosse meu esposo e que, se de alguma forma, Ele tivesse um plano especial para
os dois e definitivo (ou seja, para a vida toda), eu ouviria dele naquele
momento em que conversávamos.
Descobrimos muitas coisas em comum, objetivos
parecidos, sonhos, projetos... e ao final daquele acampamento eu ouvi: quero
casar contigo! Levei um susto pela precocidade da afirmação, mas concordei que
orássemos a respeito. Foram dois meses distantes.
Em Janeiro de 2003, entre muitos
convites para estágio de férias, acabei indo para um Mutirão Missionário na
Cohab em Guaíba. Ao chegar na pequena Congregação, a primeira pessoa com a qual
me deparei: Olavo. Ele ficou tão nervoso que nem me cumprimentou, levantou-se e
abriu a geladeira para fazer qualquer coisa que amenizasse a euforia do momento
e, acreditem, arrancou a porta do eletrodoméstico. Todo mundo notou que “the
love is in te air”.
Passada a gafe do momento, pudemos
trabalhar juntos e ver o quanto amávamos o ministério e a possibilidade de
levar significado à vida das pessoas através de Jesus Cristo.
Foi então que, sob a bênção do Pastor
Ricardo Rabenhorst, que coordenava o projeto, iniciamos o namoro em 08 de
janeiro de 2003. Depois do Projeto, novamente, cada um voltou para a sua
cidade. Éramos, agora, namorados à distância.
Nos vimos apenas uma vez no intervalo
de 6 meses e quase declaramos falência depois de recebermos as contas
telefônicas.
No entanto, nossos corações zelavam
pela vontade de Deus e nossa preocupação era saber se estávamos conduzindo as
coisas de maneira correta. Olavo tinha a convicção de que deveria permanecer em
POA e orava a Deus para que Ele desse uma prova definitiva da Sua aprovação em
relação ao nosso namoro. E eu, em Ijuí, fazia o mesmo.
Como resposta, eu recebi um convite da
Igreja Batista Central em POA para trabalhar com crianças. E assim, em 07 de
Julho de 2003, Deus me trouxe para perto de Olavo comprovando, mais uma vez,
que Ele estava à frente, regendo tudo.
Em 23 de setembro do mesmo ano, a doce
surpresa: o anel de noivado como presente de aniversário. Foi uma estratégia
inteligente. Afinal, presente é para ser aceito, e, eu disse SIM.
Casamos em 26 de fevereiro de 2005, na
mesma Igreja onde Olavo é pastor há 9 anos, a nossa amada Igreja Batista
Cristal.
Se tivemos dúvidas? Tivemos.
Problemas? Também. Mas resolvemos encarar todas as diferenças e dificuldades
que porventura aparecessem e permanecemos juntos, há 10 anos.
Aliás, foram justamente as diferenças
que contribuíram para o nosso amadurecimento como casal. Imaginem duas pessoas com
personalidades opostas, éramos nós.
Vocês meninas, imaginem ser acordada
às 5 h da manhã, com uma bandeja de café, ao som de hinos do Cantor Cristão
totalmente desafinados, com a expressão: “- Olha o que eu preparei para que o
teu dia comece maravilhoso!”. Primeiro, não tinha nem amanhecido. Segundo, eu
nem queria café e terceiro, melhor nem comentar, rsrsrssr.
Agora imaginem alguém extremamente
sistêmica, com mania de organizar tudo por tamanho ou cor. Tadinho do meu
marido. Essa era eu.
Na época não foi nada fácil, mas hoje
lembramos com carinho e rimos muito sempre que falamos a respeito. Lutamos,
vencemos, mudamos e permanecemos.
Por uma questão patológica não podemos
ter filhos. Se o Senhor nos dará filhos, biológicos ou não, não sabemos. Até
agora ouvimos NÃO. Desta forma, eu pude aprender o verdadeiro e profundo
significado de amar sem esperar nada em troca.
Assim, eu amo o Olavo, em dobro.
Juliana e Olavo Vigil
Pastor em Igreja Batista
Cristal em Porto Alegre