Aconteceu algo incomum nas minhas manhãs:
Estava eu caminhando em direção à universidade quando atravessei
a rua, relativamente movimentada, mas com total segurança. Então, ouvi atrás de
mim uma voz angustiada clamando: “Meu Deus... Ai meu Deus!”. Voltei o olhar e
vi uma cena que me fez parar e observar, já que não era o caso de me aproximar
e pedir ajuda. A pessoa que gritou, clamando por Deus, era uma senhora que
estava acompanhada de alguém que parecia ser sua filha.
O clamor angustiado daquela senhora foi pelo fato da jovem, ao
acabar de atravessar a rua, em sentido contrário ao meu, sofria uma queda, eu
digo sofria porque ainda vi o final do tombo, que, apesar de não ter sido
grave, foi relativamente sério e a jovem estava acabando de se prostrar de
forma indesejada e constrangedora, como resultado da queda enquanto a senhora
olhava e estendia a mão tentando ampara-la, mas sem nenhuma possibilidade
viável, o que a deixou como mais uma espectadora, mesmo contra sua própria
vontade.
Percebi que a jovem chegou a bater com o rosto no chão e após a
queda, com a ajuda da senhora que mostrava-se apreensiva e angustiada, ficou
ainda por alguns minutos parada naquele lugar, com o rosto entre a mãos, mas
sem nenhum sinal de sangramento ou algo mais grave, graças a Deus. Certo de que
nada pior havia acontecido, fiquei observando de longe, mas não fiquei ali a
observar simplesmente por causa do fato em si, mas pela cena, aquela mulher
angustiada, mesmo a filha já de pé limpando o rosto e se refazendo do momento
humilhante, a senhora ainda se angustiava...
O fim da cena foi a jovem abraçando a senhora, superando a
própria dor, para tranquiliza-la, que apesar de não ter sido vítima sofreu a
dor e a humilhação também. Um dia aquela filha, deduzi serem mãe e filha pelo
comportamento de ambas, entenderá o porquê das lágrimas da sua mãe, mesmo sem
ter sido ela a vítima do tombo.
Continuando meu caminho, me pus a pensar detalhadamente sobre o
que tinha acabado de presenciar e agradecendo a Deus pela queda não ter sido no
meio da via, o que poderia ter sido muito mais desastroso. Enfim, me vi
refletindo sobre nossa vida, em como uma queda na nossa vida moral,
sentimental, familiar, profissional e especialmente espiritual nos deixa
prostrados, sem muita reação, as vezes nos deixa de rosto em terra, sem forças
ou coragem para encaras todos que nos viram cair, provando a dor física e a dor
da humilhação pública.
Como é difícil nos levantar após uma queda em qualquer área da
nossa vida, mas quando essa queda acontece na nossa área espiritual,
comprometendo nossa relação com Deus e com a eternidade, isso nos traz
consequências muito mais graves, quiçá eternas, caso não consigamos nos
levantar e, sacudindo a poeira, continuar andando e, sendo necessário como na
maioria das vezes é, fazer uma conversão de 180 graus buscando o perdão de Deus
e seguindo para o alvo que é Cristo.
Cair é doloroso, nos machuca e machuca mais ampla e
profundamente nosso Pai Celeste; cair é muito humilhante, especialmente se
vimos os avisos de “Pare” e “Cuidado” nas ‘placas’ espalhadas ao longo de todo caminho
que teimosamente insistimos em percorrer por nossa livre escolha, deixando Deus
à parte de alguns setores da nossa vida como se fossemos autossuficientes em
algumas áreas da nossa vida e “dependentes” dEle em outras tantas... Quanta
ilusão nossa.
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes
as vossas petições sejam em TUDO conhecidas diante de Deus pela oração
e súplica, com ação de graças.” (Fp 4:6, grifo nosso).
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